domingo, 3 de março de 2013

Não há porque chorar

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E, inevitavelmente, forcei-me a entrar naquele túnel de luzes lúgubres. Forcei-me porque já havia perdido as forças ao tentar dar meia volta e caminhar em direção ao buraco que você cavou e eu insistia em afundar. Tive que forçar, que me esforçar. Não pude imaginar aonde aquele caminho frio e solitário poderia me levar, achei que continuaria perambulando, mergulhada naquela atmosfera inóspita até encontrar o túnel fechado. Não teria para onde voltar, morreria ali mesmo.
Mas a experiência é algo fascinante.
Os primeiros quilômetros foram particularmente difíceis, a ideia de retornar era pertinente.
Mas prossegui. Em um canto da parede lateral do túnel percebi a graça com que um lírio branco feito neve estava fincado na terra encimentada. Me aproximei, sentei, cheguei mais perto e, então, pus meu rosto pertinho da flor. Seu cheiro era de vida, de recordações passadas onde o túnel não existia, aquele buraco também não, nem mesmo você existia. E se haveria de existir tamanho tesouro ali porque eu não deveria ter mais esperanças?
Apesar de cansada, arranquei o lírio e o levei comigo.
A cada passo que dava, sentia o ar fresco penetrando meus pulmões e regozijando minha alma. Estava enfim esquecendo do início da caminhada e cada passo era mais firme em busca da saída.
As luzes estavam ficando mais fortes, mais claras, quase não podia enxergar, até que elas uniram-se bruscamente, formando uma só luz, gigante e cegável. Fechei os olhos por instinto e a única coisa que pude sentir foi o som de um pássaro que cantava: Olhe só que dia! Hoje não há porque chorar...

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